sábado, 25 de julho de 2009

A UNE sob ataque

A União Nacional dos Estudantes (UNE) está sob ataque. Era de se esperar. O apoio da entidade ao governo Lula lhe custou pouco até o momento, na verdade esse apoio não lhe custou nada até o último CONUNE. As parcerias com o governo fizeram a entidade crescer e se tornar mais representativa a despeito da esquerda ezquisofrênica que, até o momento, era o único adversário que a UNE enfrentava.

Acabou a Paz

Historicamente, a UNE tem se beneficiado de alianças táticas com os grandes meios de comunicação. Foi assim no processo de redemocratização do país, no impedimento de Collor, na produção de políticas públicas (não-estatais) voltadas para a cultura como as bienais, na defesa da Amazônia com o Projeto Rondom e tantas outras iniciaticas da entidade estudantil que visa a expansão do acesso da cultura, educação e informação aos jovens brasileiros.

Porém, sempre foi claro para ambos os lados que essa aliança tem prazo de validade. E o prazo se esgotou. A aliança democrática que uniu amplos setores da sociedade civil para acabar com a ditadura e seus resquícios no país foi vitoriosa e se acabou conforme a pauta em comum foi se cumprindo. Os movimentos sociais, durante esses vinte anos de democracia, foram se desligando das forças democráticas liberais que na década de 199o eram representadas pelos partidos de direita.

Os primeiros a entrar em rota de colisão com as forças liberais foram os Sem-Terra devido ao problema da propriedade particular da terra, seguidos pelos sindicatos que se viram imersos no turbilhão neo-liberal que cassou direitos trabalhistas e chegou mesmo a ameaçar conquistas históricas dos trabalhadores brasileiros.

Com o fim da era FHC e as duas eleições de Lula, os movimentos sociais puderam respirar aliviados e se reconstituirem para promover mais avanços. Os terríveis embates que se deram no governo do Príncipe foram duros para as forças populares brasileiras, mas no fim foi pior para os partidos de direita: o PFL minguou e virou DEM, um partido nanico, o PSDB se agarra aos trancos e barrancos nos dois principais colégios eleitorais do país, sempre disputados e difíceis de se governar.

Assim, as grandes empresas de comunicação em massa do País, com destaque para as organizações globo e grupo abril, se colocaram na dianteira da promoção tanto da ideologia liberal quanto da disputa pela pauta política nacional. Os partidos de direita se tornaram reféns do que grandes jornalões, revistas semanais e progrmas de tv pautavam para fazer oposição a Lula.

Em 2005, enquanto se falava em impedimento do presidente mais votado da história, a UNE saia às ruas para denunciar a tentativa de golpe organizado pelos empresários da comunicação, o PIG (partido da imprensa golpista). De lá pra cá a popularidade do presidente do Brasil se tornou a maior que um presidente brasileiro já teve, o desemprego caiu drasticamente, os recursos para educação aumentaram, novas universidades federais foram abertas, as vagas em universidades públicas estão programadas para duplicar até 2011.

Ao fim de 12 anos de governos liberais e 8 anos de um governo progressista o fantasma da ditadura não assusta ninguém. A democracia nunca fora tão forte no país. Nos aproximamos de um momento em que, mais do que nunca, a nação brasileira irá se pronunciar entre se continuaremos a caminhar para a superação do liberalismo ou se retornaremos ao velho caminho de subserviencia aos privilegiados nacionais e internacionais e abandono do povo brasileiro.

A atual direção da UNE não pode mais contar com as forças democráticas para atingir seus objetivos. A democracia venceu, não há mais pelo que lutar nesse campo. A UNE agora luta por mais avanços sociais dentro desse marco democrático, o que desagrada seus antigos aliados. Nesse momento seus inimigos usarão suas ferramentas midiáticas para atacar não só a UNE, mas também todo e qualquer avanço do atual governo: tentarão transformar o bom rendimento da Petrobrás em mar de lama, dirão que a UNE está vendida, que todos que são contra as privatizações, que lutam por mais direitos sociais e pelo povo são corruptos e amorais.

Está na hora da UNE repensar suas táticas e estratégias de difusão discursiva, suas passeatas não podem mais contar com a cobertura jornalística, seus atos, protestos e ocupações não serão mais avaliados como atos em defesa de direitos, mas sim como manifestações terroristas. Essa é a hora da UNE investir pesado na internet, em mídias alternativas e nada melhor do que os jovens para manejar essa nova ferramenta.